Você sabia que todos os anos, só no Brasil, cerca de mil homens têm os pênis amputados devido ao câncer de pênis? E que a causa principal da doença é a falta de higiene? Você sabia que, a cada três adultos que morrem, dois são homens? E que as principais causas de mortes entre homens, que têm entre 20 e 59 anos, são acidentes e violência? Esses foram apenas alguns dos temas discutidos na manhã desta quarta-feira (22), no prédio da Administração Central da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis, durante palestras voltadas à conscientização sobre a saúde do homem.
As atividades estão inseridas na programação da Semana de Saúde do Homem, que integra a campanha Novembro Azul e o Dia Internacional do Homem. No local, também foram oferecidos serviços como aferição de pressão arterial, controle dos níveis de glicemia, distribuição de materiais informativos sobre a saúde masculina e distribuição de preservativos e lubrificantes. Na Administração Central da UEG, a campanha está sendo realizada pela coordenação de Desenvolvimento Humano, vinculada à Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional.
As responsáveis pelas palestras foram três servidoras da Subcoordenação de Saúde do Homem da Secretaria Estadual da Saúde (SES): a psicóloga Maria Vitória Evangelista, a enfermeira Nelva Chinvelsk e a coordenadora estadual de políticas de atenção à saúde do homem, Luiza Cruz. Também participou do evento a enfermeira e coordenadora municipal da Saúde de Homem de Anápolis, Larissa Rodrigues.
De acordo com Maria Vitória, ao longo de toda a vida, as mulheres recebem mais atenção e informações sobre como cuidar da própria saúde que os homens. “Devido a diversas questões, como o machismo ou medo de se descobrirem doentes, muitos homens deixam de procurar auxílio médico ou, quando procuram, têm dificuldades em aderir ao tratamento”, destaca.
Ela explica que essa negligência masculina é uma forma de o homem “flertar constantemente com a morte”. Diante desse cenário, no Brasil, desde 2009, o Ministério da Saúde tem desenvolvido políticas de saúde voltadas para o homem. “E essa política envolve várias especificidades e amplitudes, que vão desde questões socioculturais a questões de gênero, e que, diferente do que muitos pensam, não estão apenas voltadas ao câncer de próstata”, salienta.
Para a psicóloga, a sociedade precisa pensar o homem como um ser biopsicossocial e não como um ser sexualmente funcional ou reprodutor e, a partir daí, redefinir o conceito de masculinidade. Fora o Brasil, apenas a Irlanda e a Austrália, no mundo, possuem políticas públicas de saúde voltadas especificamente para o homem.
Para o assessor do departamento de Transporte da UEG Andrade Moreira da Silva as palestras foram muito importantes por desmistificar a questão da prevenção na saúde masculina. “Espero que, a partir desses eventos, possamos conseguir mais investimentos públicos para que mais homens tenham acesso a esse tipo de informação”, ressalta.
De acordo com o coordenador de Publicidade do Centro de Comunicação Institucional da UEG, Graziano Magalhães, é muito importante levar essa temática para o ambiente de trabalho, para ser discutida com pessoas que estudam o assunto e também com outros colegas, tendo em vista que a mesma ainda é considerada tabu.
Já o técnico administrativo da Pró-Reitoria de Graduação da UEG Willy Clayton afirma que o mais importante de tudo foi o alerta ao homem de que ele não pode negligenciar a própria saúde. “Temos que nos lembrar que não existem pessoas de ferro e que a saúde masculina engloba questões que vão muito além do câncer de próstata. Descobri, inclusive, que o câncer de testículo mata bem mais que o de próstata”, ressalta.
Homem não é só próstata
Luiza Cruz, em sua palestra sobre o Novembro Azul, tratou de temas ainda tabus entre homens, como autoexame para detectar tumores nos testículos, exame de próstata e a importância da correta higienização íntima masculina. Além disso, ela explicou a respeito de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e sobre a importância de se procurar auxílio médico em caso de lesões nas regiões íntimas, ainda que indolores.
“Existem ISTs que, em algumas fases, deixam de apresentar dores, no entanto continuam contagiosas”, destaca. Ela ainda descreveu como deve ser feito o autoexame nos testículos. No entanto, alertou que, antes de se fazer o exame pela primeira vez, o homem deve procurar um médico para orientá-lo quanto ao que é específico da anatomia do homem e o que pode ser um tumor.
(Núbia Rodrigues| CeCom|UEG)